Marketing e afeto: como os bebês reborn viraram uma mina de ouro nas redes

De tempos em tempos, o marketing ganha um novo brinquedo. Literalmente. Os bebês reborn, bonecos hiper-realistas que imitam recém-nascidos e saíram do nicho terapêutico e colecionável para virar fenômeno de engajamento, vendas e criatividade nas redes sociais.

Com vídeos virais, influenciadoras dedicadas e até lojas físicas especializadas, o mercado dos reborn mostra como uma boa história vende mais que um produto. Como bem disse o especialista Roberto Kanter, “o valor não está só no brinquedo, mas nas narrativas que ele carrega”. E é aí que o marketing encontra seu berço.

Enquanto algumas marcas lutam para manter a atenção de um público disperso, outras surfam essa onda com estratégia e identidade. É o caso da influenciadora Mariana Nunes, que viu seu número de seguidores crescer 30 mil em um mês, só mostrando a rotina com seus 21 bebês reborn. Já a loja Minha Infância, que começou com consertos de brinquedos, hoje fatura R$ 35 mil mensais com uma produção artesanal e marketing focado em afeto, nostalgia e personalização.

O “reborn marketing” por que não batizá-lo assim? Não é apenas sobre aproveitar a moda. É sobre transformar um objeto em experiência, uma compra em conexão. E, como toda tendência, exige cuidado: não se trata de seguir o hype a qualquer custo. O que sustenta esse tipo de movimento é a coerência entre produto e propósito.

Se sua marca trabalha com acolhimento, cuidado, infância ou até inclusão, os reborn podem ser uma extensão natural. Se for só pelo clique fácil, a estratégia pode ser descartável como qualquer modinha de TikTok.

O sucesso desse nicho também revela uma lição importante: o conteúdo é rei, mas o contexto é o reino. Quem soube usar as redes com inteligência, criatividade e consistência, como a Solcats, que produz roupas sob medida para os bonecos está colhendo frutos reais com personagens de silicone.

No fim das contas, os bebês reborn não são apenas bonecos. São cases de como o marketing, quando bem feito, emociona, conecta e, claro, vende.

Igor Sorente é jornalista e empreendedor nos segmentos de marketing, audiovisual e produção de conteúdo.