Você sabe o que é Síndrome de Rocky Balboa?

A primeira vez que ouvi o termo foi em uma palestra do filósofo Mario Sérgio Cortella, de quem sou fã. O tema também é abordado em seu livro “Qual a tua obra?” (Editora Vozes).
Cortella relembra que no filme “Rocky, um lutador”; o personagem de Sylvester Stallone aceita o desafio de lutar com Apollo Creed, então campeão mundial de boxe. Para isso, no entanto, precisa se preparar. Ocorre que a preparação, no filme, dura dois minutos. “São as cenas em que ele aparece correndo pelas ruas com seu treinador, pulando corda, socando o saco de areia. A cena passa rapidamente e aí ele já está pronto”.
A Síndrome de Rocky Balboa é a ideia de que, assim como no filme, a sua preparação também será quase instantânea. E a realidade está longe de ser assim. A preparação de um profissional requer tempo, paciência e dedicação, muitas vezes de anos: são cursos, especializações, atualizações, estudos, atividades. E pode ser que, mesmo depois de todo o esforço e tempo dispendido, ainda não estejamos totalmente prontos quando chegar a hora e tenhamos que continuar nos aprimorando pelo resto da vida.
Segundo Cortella “todos querem aumentar a empregabilidade, mas nem todos estão dispostos a passar pelas atribulações necessárias”.
Em uma geração cada vez mais afeita ao imediatismo, à realidade virtual do tudo a um clique de distância, as pessoas estão cada vez menos dispostas a se dedicarem a algo. Sequer se dão ao trabalho de ler um texto que tenha mais do que dois parágrafos, preferindo informar-se em posts com, no máximo, 280 caracteres ou em títulos de impacto. São os famigerados leitores de timeline.
A grande questão é que se você quer, como Rocky, alcançar o topo da escadaria vai precisar de mais do que alguns minutos e uma boa trilha sonora de fundo. Precisará de muita perna e muito fôlego. Ou terá que se contentar em ser um mero figurante aplaudindo o herói.